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Cooperativa agropecuária: como ingressar?

As cooperativas agropecuárias são essenciais no desenvolvimento do agronegócio brasileiro, fortalecendo pequenos, médios e grandes produtores e impulsionando toda a cadeia produtiva.

Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre como essas organizações funcionam, quais são suas vantagens e por que se tornaram tão estratégicas para investidores, distribuidores de insumos e para o próprio produtor rural.

O interesse sobre esse tema cresce continuamente, tanto entre quem deseja participar de uma cooperativa quanto entre quem busca compreender seu impacto econômico e social.

Por isso, neste artigo, falaremos sobre o que é uma cooperativa agropecuária, como funciona na prática, quais benefícios oferece e como ela contribui para transformar o cenário do agronegócio no Brasil.

O que é uma cooperativa agropecuária?

Uma cooperativa agropecuária é um modelo de sociedade civil, regulamentado pela Lei nº 5.764/71 (lei geral do cooperativismo).

É uma associação autônoma, formada voluntariamente por produtores rurais (agricultores, pecuaristas, extrativistas) ou por trabalhadores do campo, que se unem sob a forma de uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos.

Diferente de uma empresa tradicional, a cooperativa funciona sob princípios de adesão voluntária, gestão democrática, participação econômica dos membros e partilha das sobras (resultados) conforme a contribuição de cada associado.

Principais tipos de cooperativas no setor agropecuário

As cooperativas agropecuárias podem assumir diferentes formatos, dependendo das necessidades dos produtores e das atividades que desenvolvem.

Cada tipo cumpre um papel específico na cadeia produtiva e oferece vantagens distintas. Os três modelos mais comuns são:

Cooperativas de produção agropecuária

Reúnem produtores que compartilham recursos e infraestrutura para produzir em conjunto. Isso pode incluir uso coletivo de máquinas, espaços de armazenamento, mão de obra, tecnologia ou até áreas produtivas.

O objetivo é reduzir custos, padronizar processos e aumentar a eficiência da produção. Esse tipo de cooperativa é comum em setores como leite, grãos e horticultura.

Cooperativas de comercialização

Nesse modelo, cada produtor mantém sua própria produção individual, mas a cooperativa centraliza a venda dos produtos, negociando diretamente com compradores, indústrias ou exportadores.

Ao ganhar escala, os associados conseguem melhores preços, condições logísticas e acesso a mercados que seriam inacessíveis individualmente. É um dos tipos mais populares entre pequenos e médios produtores.

Cooperativas de crédito rural

Embora não atuem diretamente na produção ou comercialização, essas cooperativas são fundamentais para o setor, pois oferecem serviços financeiros aos produtores:

  • Conta-corrente;
  • Investimentos, seguros e financiamento de máquinas e insumos.

Por serem cooperativas, costumam ter taxas mais baixas e condições mais vantajosas que instituições financeiras tradicionais.

Como funciona na prática: estrutura e governança

Diferentemente das empresas de capital, a estrutura de funcionamento de uma cooperativa agropecuária é baseada em princípios de democracia e participação.

Na prática, isso significa que as decisões importantes não são tomadas por um único dono ou acionista majoritário, mas sim por meio de estruturas organizadas que representam todos os cooperados. Veja como isso ocorre:

Assembleia geral

A assembleia geral reúne todos os associados e é responsável por aprovar temas estratégicos, como prestação de contas, eleição de conselhos, definição de metas e mudanças no estatuto.

Cada cooperado tem direito a um voto, independentemente do tamanho da sua produção, garantindo igualdade na participação.

Conselho de administração

Eleito pelos próprios cooperados, o Conselho de Administração conduz as diretrizes da cooperativa, aprova planos de ação e supervisiona o trabalho da diretoria executiva.

É o grupo que define caminhos estratégicos e garante que a cooperativa esteja alinhada aos interesses dos produtores.

Diretoria executiva

A diretoria executiva coloca em prática as decisões do Conselho. É responsável pela administração do dia a dia como compras de insumos, comercialização de produtos, gestão financeira, contratação de equipe, desenvolvimento de projetos, entre outros.

Conselhos fiscais e comitês de apoio

Para assegurar transparência e boa governança, cooperativas contam com um conselho fiscal, que verifica contas e relatórios financeiros, e podem ter comitês especializados.

Capital social e participação dos cooperados

Os associados contribuem com uma cota de capital social, que ajuda a financiar as operações da cooperativa. Em contrapartida, recebem acesso a serviços, melhores condições de mercado e participação nos resultados (sobras).

Distribuição das sobras (resultados)

Ao final de cada exercício, a cooperativa apura o resultado financeiro. Caso haja sobras, uma parte é reinvestida no negócio e outra é distribuída aos cooperados, proporcionalmente ao volume de operações que cada um teve com a cooperativa.

Vantagens de ser um cooperado

Fazer parte de uma cooperativa agropecuária oferece uma série de benefícios que impactam diretamente a produtividade, a rentabilidade e a segurança do produtor.

Ao unir forças com outros agricultores, o cooperado ganha acesso a serviços, infraestrutura e condições de mercado que seriam muito difíceis ou caros de alcançar individualmente.

Entre as principais vantagens estão:

Maior poder de negociação

Ao comprar insumos e vender produtos em escala, a cooperativa consegue preços melhores e condições mais vantajosas. Isso aumenta a competitividade do produtor e reduz sua dependência de mercados voláteis.

Redução de custos operacionais

Compartilhamento de máquinas, armazenagem, transporte e compras coletivas de insumos diminuem consideravelmente os custos individuais. O produtor economiza sem perder qualidade ou eficiência.

Acesso facilitado a crédito e financiamentos

Cooperativas costumam oferecer acesso a linhas de crédito mais baratas e com menos burocracia, incluindo financiamentos do Plano Safra, seguros rurais e investimentos em maquinário.

Assistência técnica e capacitação

O cooperado recebe apoio técnico especializado (orientação agronômica, treinamentos e suporte para adoção de novas tecnologias),melhorando a produtividade e profissionalizando sua gestão.

Acesso a mercados mais amplos e melhores preços

A cooperativa organiza a comercialização e abre portas para mercados maiores, mais exigentes e mais rentáveis, muitas vezes inalcançáveis individualmente.

Como ingressar em uma cooperativa agropecuária

Entrar para uma cooperativa agropecuária é um processo que exige planejamento, entendimento das regras e participação ativa dos produtores envolvidos.

A seguir, você encontra um passo a passo simples e prático para cada situação.

1. Identifique uma cooperativa alinhada ao seu perfil

Procure organizações que atuem no mesmo tipo de produção que você (grãos, leite, horticultura etc.) e avalie os serviços oferecidos, localização, estrutura, governança e reputação no mercado.

2. Verifique os requisitos para adesão

Cada cooperativa possui regras próprias, definidas em seu estatuto. Geralmente, são solicitados:

  • Documentos pessoais e da propriedade;
  • Comprovação da atividade rural;
  • Pagamento da cota de capital social;
  • Assinatura de termo de adesão.

3. Entenda seus direitos e deveres

Antes de se associar, é importante conhecer:

  • Como funciona a participação nas assembleias;
  • Como é calculada a distribuição das sobras;
  • Quais são as regras de movimentação mínima (compra de insumos, venda da produção etc.);
  • Obrigações financeiras e operacionais.

4. Participe das atividades da cooperativa

O engajamento é essencial. Cooperados ativos têm mais influência, entendem melhor os processos e se beneficiam mais dos serviços oferecidos.

Seja ingressando em uma cooperativa já existente ou estruturando uma nova, o importante é compreender como funciona, quais são suas responsabilidades e de que forma ele pode contribuir para o crescimento sustentável da sua produção.

Quando bem estruturada, uma cooperativa se transforma em uma poderosa aliada para gerar oportunidades, garantir segurança e fortalecer toda a cadeia produtiva.

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Publicado por:
Formada em Comunicação Social Audiovisual, pós-graduada em Linguagens e Processos de Realização para o Cinema e Analista de Conteúdo na Aliare.