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Commodities Agrícolas: o que são e como se preparar para as oscilações de preço

No agronegócio, lidar com a instabilidade é uma parte fundamental da rotina do produtor e das empresas do setor. E quando falamos de commodities agrícolas, estamos nos referindo justamente a produtos que, embora essenciais à economia, estão sujeitos a flutuações constantes de preço no mercado internacional.

Essas variações, por vezes imprevisíveis, afetam diretamente a rentabilidade do produtor rural, das cooperativas e de toda a cadeia produtiva.

Neste artigo, você vai entender o que são commodities agrícolas, como funciona sua precificação, quais são os fatores que geram essas oscilações e, principalmente, como o produtor pode se preparar e tomar decisões mais estratégicas diante de cenários voláteis.

O que são commodities agrícolas?

De maneira simples, commodities agrícolas são produtos primários produzidos em larga escala e com pouca diferenciação entre fornecedores. Eles têm preço determinado principalmente pela oferta e demanda no mercado nacional ou internacional e são negociados em bolsas de valores e contratos futuros.

Alguns exemplos clássicos de commodities do agro brasileiro são:

  • Soja;
  • Milho;
  • Café;
  • Algodão;
  • Cana-de-açúcar;
  • Arroz;
  • Trigo;

Esses produtos têm uma característica marcante: são padronizados e globalmente aceitos, o que os torna ativos de negociação em bolsas brasileiras e estrangeiras.

No Brasil, o agro é altamente dependente dessas commodities. Segundo dados do MAPA, mais de 60% do valor das exportações do agronegócio em 2023 vieram de soja, milho e carne bovina, todos classificados como commodities agrícolas.

Commodities agrícolas: como os preços são formados?

Diferente de produtos que têm valor definido pelo produtor ou pela indústria, as commodities agrícolas têm o preço determinado pela dinâmica de mercado. Isso significa que variáveis globais podem interferir nos valores de venda no campo, inclusive para o pequeno produtor.

Alguns dos principais fatores que influenciam os preços incluem:

  • Oferta global e regional;
  • Demanda internacional;
  • Clima;
  • Câmbio;
  • Cenários geopolíticos;
  • Custos logísticos e de energia.

Por isso, o preço de uma saca de soja ou de uma arroba de boi pode variar significativamente em poucos dias. E é justamente por isso que produtores e empresas do agro precisam estar preparados para essas oscilações.

Por que se preparar para as oscilações de preço?

As flutuações nos preços das commodities impactam diretamente a margem de lucro e a viabilidade financeira da produção. Um produtor que vende sua safra com preços abaixo do custo de produção pode enfrentar sérias dificuldades, inclusive de endividamento.

Além disso, a falta de planejamento pode comprometer:

  • A capacidade de investimento em novas tecnologias;
  • A contratação de crédito com segurança;
  • A negociação com compradores e revendas;
  • A confiança nos contratos de fornecimento e parcerias.

Muitos produtores só descobrem a real lucratividade de sua safra ao final do ciclo, justamente por não acompanharem de forma integrada os custos e as variações de preço ao longo da produção. O uso de sistemas de gestão com integração de dados de mercado é uma das alternativas sugeridas pela plataforma.

Estratégias para lidar com oscilações de preço

Embora o produtor não tenha controle sobre o mercado global, existem estratégias para reduzir os impactos negativos das oscilações e proteger sua margem de lucro.

1. Conhecer o custo de produção com precisão

O primeiro passo é entender exatamente quanto custa produzir cada hectare, cada saca ou cada arroba. Sem esse dado, não é possível saber se um preço de mercado é vantajoso ou não.

A integração entre sistemas de gestão agrícola e inteligência de dados permite controlar custos em tempo real, projetar cenários e calcular a margem esperada para diferentes faixas de preço.

2. Usar contratos futuros e travamento de preços

Na bolsa de valores, o produtor pode acessar contratos futuros ou realizar operações de hedge, que permitem “travar” um preço de venda com antecedência, reduzindo o risco da oscilação.

Essa prática é comum entre grandes produtores, mas também pode ser acessada por médios e pequenos por meio de cooperativas, corretoras e programas de barter. Com um contrato bem estruturado, o produtor garante que, mesmo com queda no mercado, ele receberá o valor acordado previamente.

3. Diversificação de culturas ou produtos

Outra forma de proteger-se das oscilações de preço é diversificar a produção. Em vez de depender exclusivamente de uma cultura, o produtor pode cultivar produtos com ciclos diferentes ou com demanda menos volátil, equilibrando o risco.

Além disso, atividades complementares como integração lavoura-pecuária ou agroindústria familiar ajudam a manter o caixa ativo mesmo em momentos de baixa de preços.

4. Planejamento de venda por etapas

Vender toda a produção em um único momento é arriscado. Uma estratégia mais segura é escalar a venda ao longo do tempo, aproveitando diferentes janelas de preços e analisando o comportamento do mercado com apoio de consultores ou plataformas digitais.

O produtor pode usar análises preditivas para entender padrões de preço históricos e criar estratégias de comercialização mais assertivas.

Como a tecnologia ajuda a enfrentar a volatilidade

A digitalização do campo permite que produtores e gestores tenham acesso a dados de mercado em tempo real, históricos de preços, tendências de oferta e demanda, relatórios técnicos e alertas climáticos, tudo em uma única plataforma.

Soluções como:

  • ERPs integrados com plataformas de mercado;
  • Painéis de inteligência com preços de commodities e câmbio;
  • Ferramentas de análise de risco e projeção de margem;
  • Aplicativos de monitoramento climático e fitossanitário;

Essas soluções estão se tornando essenciais para decisões estratégicas no agro. Elas são capazes de integrar soluções que permitem ao produtor analisar indicadores de custo e rentabilidade cruzados com cenários de mercado, ajudando a identificar o melhor momento de venda.

O futuro da gestão agropecuária passa pela inteligência de dados aplicada à comercialização.

Commodities e ESG: uma nova variável

Além das questões de preço, as commodities agrícolas estão cada vez mais relacionadas a exigências de sustentabilidade, rastreabilidade e conformidade social. Muitos mercados, especialmente na Europa, só compram produtos que comprovem origem responsável.

Assim, além de monitorar o preço, o produtor deve se atentar a normas como:

  • Proibição de desmatamento;
  • Condições de trabalho justas;
  • Rastreabilidade completa da cadeia;
  • Certificações como GlobalG.A.P. ou Rainforest Alliance.

Esses fatores já começam a impactar diretamente o preço pago por saca ou tonelada, abrindo espaço para bonificações, diferenciais logísticos e acesso a contratos premium.

Conclusão

As commodities agrícolas são a base da economia rural brasileira, mas sua dinâmica volátil exige preparo, informação e estratégia. Não é possível controlar o mercado, mas é totalmente viável antecipar-se a ele com planejamento financeiro, controle de custos e uso de tecnologias inteligentes.

Para produtores, cooperativas e empresas que atuam no agro, entender o funcionamento das commodities é o primeiro passo para navegar com segurança em um mercado cada vez mais globalizado, exigente e dinâmico.

No campo, quem conhece seus números, entende o mercado e toma decisões com base em dados não apenas sobrevive às oscilações, mas transforma volatilidade em oportunidade.

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Transformando a tecnologia que impulsiona o agronegócio do futuro.